Cresci com a Globalização e encaro-a como uma inevitabilidade nos tempos em que vivemos. Se há expressão que consegue representar o que para mim significa a Globalização é a ideia da “Aldeia Global”, preconizada por vários autores mas especialmente por Umberto Eco, em que estamos todos muito perto de todos e de tudo. A possibilidade de comprar um livro que só existe numa livraria americana, de falar sem custos via Skype com um amigo alemão que reside na China, a rapidez com que posso estar em 2h e meia em Bruxelas ou a possibilidade de ver imagens em directo de um terrível incêndio que vitimou quase 300 reclusos nas Honduras fazem parte de uma realidade a que me habituei a ver como uma consequência natural de vivermos hoje mais perto do que antes estava tão longe. Também inevitavelmente, há vulnerabilidades a que nos expusemos neste cada vez mais denso e profundo processo de Globalização, como são disso exemplo as redes de pedofilia que se propagaram à velocidade de um clique ou as desastrosas consequências para algumas regiões da deslocalização de empresas para países com custos do trabalho muito mais baixos e, por isso, aniquiladores da concorrência.
Pensar em Globalização é vê-la como um fenómeno: não na perspectiva de ser efémera, com período de validade no rótulo – até porque creio que veio para ficar e se consolidar - mas na sua natureza extraordinária e impressionante que marcou indelevelmente o Mundo. Pese embora algumas vozes críticas deste processo que se agudizam com manifestações dos inevitáveis problemas trazidos pela Globalização, acredito que o caminho seja o do aprofundamento da Globalização, com o surgimento de novos problemas, mas também novas proveitos. Mais: a Globalização será o que os Povos quiserem fazer dela. Outros problemas surgirão, nomeadamente com a questão da protecção de dados ou com a insustentabilidade do consumo dos recursos naturais, este último que coloca em causa o princípio da solidariedade inter-geracional. Mas, contrapõe-se a esta visão uma Globalização que dá mais efectividade à protecção dos direitos humanos e aos atropelos a que são longinquamente sujeitos, uma vez que os torna globais e, por isso, insustentável a sua violação. A Globalização fortalece os laços e a necessidade de se actuar conjuntamente na defesa do Ambiente ou de aproveitar as descobertas farmacêuticas para combater uma doença que não conhece fronteiras. E, olhando para este último exemplo dos medicamentos, diria que poderemos adoptá-los como uma metáfora para a Globalização: fazem bem se convenientemente administrados, cabe-nos dosear a sua utilização.
Para mim, o melhor da Globalização foi, pelo seu impacto global e transnacional, ter-nos tornado cidadãos do Mundo, tendendo a ser essa a nossa nacionalidade.
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