"A vitória brilhará àquele que tímido ouse". Agostinho da Silva
Quarta-feira, 12 de Março de 2014
Consenso dos géneros

Assinala-se no dia 8 de Março o Dia Internacional da Mulher. Serão, por estes dias, muitos os comentários e artigos sobre o tema e a necessidade de se continuar o caminho (ainda longo) da igualdade de géneros. Mas haverá sempre quem argumente que este é já um “não tema” e que, actualmente, não existe qualquer tipo de discriminação: respondo partilhando os números divulgados pela Comissão Europeia.

 

As mulheres na União Europeia trabalham mais 59 dias do que os homens para conseguirem ganhar o mesmo salário, sendo as disparidades entre géneros de 16,4% (2012). Se há países que se destacam pela positiva, como é o caso da Dinamarca, Áustria e Países Baixos, infelizmente Portugal apresenta números que nos envergonham e que se agravaram desde 2008. Nesse ano, a disparidade cifrava-se nos 9%, tendo subido para 12% no ano de 2012.

 

Estes números tornam indefensável a tese de que, em matéria de igualdade de géneros, estamos bem. Se é verdade que há 30 anos atrás o cenário era dantesco e era impensável ter mulheres em igualdade de circunstâncias com os homens no mundo laboral, face a estes dados divulgados pelo Relatório da Comissão Europeia não podemos defender nada menos do que, rapidamente, se esbata por completo esta sombra perturbadora de desigualdade entre géneros.

 

Há trabalho feito nesta matéria, como é disso exemplo a Resolução aprovada a 8 de Março de 2013 e que inclui medidas destinadas a garantir e a promover a igualdade de oportunidades entre géneros, mas falta transpor isso para as mentalidades dos empregadores, e da própria sociedade, que consentem que exista, em pleno século XXI, margem para discriminações.

 

Numa altura em que se lançou o debate nacional da Natalidade, pela urgência em inverter o ciclo que coloca em causa a renovação de gerações, não tenhamos dúvidas de que se tem de assumir, em primeiro lugar, que ainda existe discriminação entre géneros e, em segundo lugar, que a promoção da Natalidade não se faz sem garantir que as mulheres possam desempenhar o seu papel de Mães sem, com isso, abdicarem das suas carreiras ou se verem prejudicadas na sua vida profissional. Tantas vezes se pede para os partidos se entenderem... se há matérias para consensos? Coloquem esta no topo da lista!

  

Artigo publicado no Jornal de Leiria no dia 6 de Março



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 10:07
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Terça-feira, 4 de Fevereiro de 2014
Ainda o tema da praxe

Os últimos dias foram marcados pelas reacções à morte de seis jovens na praia do Meco. Pelos comentários que li e ouvi, retirei algumas ilacções.

 

Observei, desde logo, a rapidez com que muitos sentenciaram o único sobrevivente como o culpado pela morte dos colegas. Muito antes de se conseguir apurar se se pode imputar qualquer tipo de responsabilidade a terceiros, surgiu, de repente, em Portugal um vasto número de “especialistas anónimos” disposto a relatar o que supostamente terá acontecido, tentando, por certo, poupar tempo e trabalho às forças policiais. A isto soma-se um infindável número de notícias sobre factos que alimentou aquilo que poderá ter alguma ou nenhuma importância em sede de investigação criminal. Juntou-se a fome à vontade de comer: a ânsia de vender notícias foi alimentada pela necessidade mórbida da opinião pública ter tema de conversa para os dias que se seguiram à tragédia.

 

Seguiu-se à fase da crucificação do único sobrevivente, a fase de diabolização da praxe: como se a praxe em Portugal pudesse ser traduzida nas práticas que vieram a público e que – alegadamente – eram realizadas por aquele grupo de jovens. Há já quem defenda o fim da praxe ou, os mais moderados, peçam legislação para evitar que haja lugar a abusos no futuro. Pois é, mas ignoram dois aspectos essenciais: as mentalidades não se mudam por decreto e aquilo que se passou no Meco não reflecte, nem de perto nem de longe, a praxe em Portugal, um fenómeno intemporal de integração de jovens na vida académica. Depois, ainda há margem para delírios opinativos como aquele em que alguém correlaciona o que aconteceu no Meco e a praxe ao elitismo do nosso Ensino Superior. Com todo o respeito, santa estupidez!

 

De todo este enredo, destaco a rapidez com que fazemos julgamentos sumários, com base em factos que desconhecemos. Espero que a fase seguinte seja a da serenidade, em que o Ministério Público possa fazer o seu trabalho e possam as famílias fazer o seu luto, longe do dantesco circo mediático.

 

Artigo publicado no Jornal de Leiria no dia 30 de Janeiro



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 14:26
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Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2013
“A César o que é de César”

Ao aproximarmo-nos do final de 2013 é inevitável fazermos um balanço do ano que passou e avançarmos com algumas previsões para 2014, certeiras ou não o tempo o dirá.

 

Sabíamos que o ano de 2013 manteria no seu léxico as palavras “crise” e “austeridade”, permanecendo a dúvida e divergindo a doutrina quanto à introdução ou não da palavra “recuperação” na economia e no país real. Findo o ano de 2013, é altura de fazer um balanço.

 

Bem sei que não é politicamente correcto falarmos do que de bom colectivamente alcançámos em 2013, de tão habituados que estamos à dialéctica de comiseração dos responsáveis políticos, esquecendo-se que antes dos partidos que os elegeram estão as pessoas que representam.

 

Furando assim o discurso dominante, atrevo-me a destacar alguns dados que nos devem encher de orgulho e esperança para o ano que se avizinha. Por um lado, depois do desemprego ter atingido níveis socialmente alarmantes, assistimos à sua descida, tal como ao maior crescimento da taxa de emprego na Europa. Ao fim de 10 trimestres consecutivos, a economia saiu finalmente da recessão técnica, tendo as contas externas voltado a terreno positivo, com importante contributo das exportações e do turismo. Esta espiral positiva justifica, aliás, que o número de empresas em processo de insolvência tenha descido pela primeira vez desde 2008 e que este mês de Dezembro esteja a registar um aumento do consumo das famílias portuguesas face a 2012. Ao que já referi, acrescente-se a previsão do Banco de Portugal para 2014 de crescimento igual a 0,8%, acima dos 0,3% previstos no Verão.

 

Por tudo isto, acredito que o ano de 2014 será de retoma. Mas não julguem que pretendi destacar os feitos do Governo: se o fizesse estaria a cair no mesmo erro em que caem todos os responsáveis políticos que desconsideram os dados positivos da economia, temendo que estes beneficiem o partido A ou B. Esquecem-se que os grandes responsáveis por chegarmos até aqui, com motivos para nos orgulharmos, são os Portugueses.

 

Artigo publicado na edição do Jornal de Leiria de 27 de Dezembro



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 12:38
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Sexta-feira, 22 de Novembro de 2013
Reforma, do quê?!

Nos últimos tempos, parece que há opiniões mais legítimas do que outras. A comunicação social tem exacerbado a corrente, não sei se dominante, mas certamente mais audível, de que é quase um crime defendermos determinados pontos de vista.

 

Por um lado, não podemos criticar as decisões do Tribunal Constitucional, porque isso constitui uma pressão inaceitável junto de um dos órgãos de soberania. Também não devemos dizer que o Estado viveu acima das suas possibilidades, uma vez que isso é automaticamente atentar contra o Estado Social. Tal como sustentar que a emigração tem factores positivos que não podemos desconsiderar é politicamente inaceitável.

 

Vivemos numa sociedade de tabus, com uma evidente falta de cultura democrática. Há uma linha que separa o que é politicamente correcto de ser defendido do que será alvo do achincalhamento público imediato sem margem para se poder discutir, de facto, a raiz dos problemas.

 

Vivemos tempos extraordinários, em que o principal partido da oposição se dá ao luxo de furtar à discussão da Reforma do Estado, quando a meses da saída da Troika do nosso país, continuamos sem perceber que, doravante, teremos de mudar de vida e que o Estado como o conhecíamos já não existe.

 

Um Estado que se traduziu nos últimos 40 anos num decréscimo de 36% da população jovem e num aumento de 140% da população idosa não é, pela frieza e objectividade dos números, susceptível de continuar imutável e imune às alterações impostas pela evolução demográfica a que assistiu.

 

Querer redimensionar o Estado à nossa real capacidade de o financiarmos não é acabar com o Estado Social, é, antes, torná-lo viável e sustentável para servir quem mais precisa. Tenho dúvidas se ainda há quem não tenha entendido que a realidade mudou ou queira, numa aliciante demagogia e populismo, escamotear e fugir ao debate de uma geração.

 

Enquanto isso, continuamos, calmamente, a adiar o inadiável, perdidos na espuma dos dias, sem respostas para o nosso problema. E assim vai o Estado da Nação.

 

 

Artigo publicado na edição do Jornal de Leiria de 21 de Novembro



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 17:55
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Sábado, 18 de Fevereiro de 2012
Globalização

Cresci com a Globalização e encaro-a como uma inevitabilidade nos tempos em que vivemos. Se há expressão que consegue representar o que para mim significa a Globalização é a ideia da “Aldeia Global”, preconizada por vários autores mas especialmente por Umberto Eco, em que estamos todos muito perto de todos e de tudo. A possibilidade de comprar um livro que só existe numa livraria americana, de falar sem custos via Skype com um amigo alemão que reside na China, a rapidez com que posso estar em 2h e meia em Bruxelas ou a possibilidade de ver imagens em directo de um terrível incêndio que vitimou quase 300 reclusos nas Honduras fazem parte de uma realidade a que me habituei a ver como uma consequência natural de vivermos hoje mais perto do que antes estava tão longe. Também inevitavelmente, há vulnerabilidades a que nos expusemos neste cada vez mais denso e profundo processo de Globalização, como são disso exemplo as redes de pedofilia que se propagaram à velocidade de um clique ou as desastrosas consequências para algumas regiões da deslocalização de empresas para países com custos do trabalho muito mais baixos e, por isso, aniquiladores da concorrência.

Pensar em Globalização é vê-la como um fenómeno: não na perspectiva de ser efémera, com período de validade no rótulo – até porque creio que veio para ficar e se consolidar - mas na sua natureza extraordinária e impressionante que marcou indelevelmente o Mundo. Pese embora algumas vozes críticas deste processo que se agudizam com manifestações dos inevitáveis problemas trazidos pela Globalização, acredito que o caminho seja o do aprofundamento da Globalização, com o surgimento de novos problemas, mas também novas proveitos. Mais: a Globalização será o que os Povos quiserem fazer dela. Outros problemas surgirão, nomeadamente com a questão da protecção de dados ou com a insustentabilidade do consumo dos recursos naturais, este último que coloca em causa o princípio da solidariedade inter-geracional. Mas, contrapõe-se a esta visão uma Globalização que dá mais efectividade à protecção dos direitos humanos e aos atropelos a que são longinquamente sujeitos, uma vez que os torna globais e, por isso, insustentável a sua violação. A Globalização fortalece os laços e a necessidade de se actuar conjuntamente na defesa do Ambiente ou de aproveitar as descobertas farmacêuticas para combater uma doença que não conhece fronteiras. E, olhando para este último exemplo dos medicamentos, diria que poderemos adoptá-los como uma metáfora para a Globalização: fazem bem se convenientemente administrados, cabe-nos dosear a sua utilização.

Para mim, o melhor da Globalização foi, pelo seu impacto global e transnacional, ter-nos tornado cidadãos do Mundo, tendendo a ser essa a nossa nacionalidade.



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 23:40
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Segunda-feira, 7 de Março de 2011
A Cacatua Verde

Numa noite de sábado, perdi-me pelo TNDMii e deliciei-me com Cacatua Verde.

Schnitzler é o autor desta peça histórica, cuja acção de desenrola entre a noite de 13 e 14 de Julho de 1789, marcada pelo calor da revolução.

Prospère, antigo director de uma companhia de Teatro, é o velho proprietário de uma taberna (Cacatua Verde) onde os seus actores fingem ser indigentes, criminosos, prostitutas, num ambiente suburbano parisiense.

Numa peça onde a realidade e a ficção permanentemente se confundem, a hilariante Rita Blanco ilumina o palco, enquanto Luís Miguel Cintra o dirige soberbamente. Um elenco de peso, com 25 actores, que tornam Cacatua Verde um constante conflito entre o Bem e o Mal, os Valores e a Moral e Os Bons Costumes, e põe a nu os excessos que marcam as revoluções. E parece que a História se repete.


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publicado por Margarida Balseiro Lopes às 18:21
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Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2011
Direito a envelhecer com dignidade

Há por aí quem vocifere contra os neoliberais de direita, reclamando a patente do Estado Social. É PCP, é BE, é PS. Lendo este tipo de notícias e conhecendo a realidade dos lares e da insuficiente oferta é de bradar aos céus: ou devido a uma profunda hipocrisia de quem ignora uma realidade chocante ou um inaceitável desconhecimento de um flagelo que se tende a agravar com o envelhecimento da população.



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 15:16
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Domingo, 6 de Fevereiro de 2011
A Música dos Deolinda

O grupo musical Deolinda apresentou a sua nova música que se revelou numa espécie de hino de uma geração.

Parva Que Sou tem tido muito sucesso devido ao grande sentimento de identificação que provoca nas gerações mais novas que a ouvem.

Uma das razões que justifica este êxito é a singularidade de um grupo português produzir uma música de intervenção com mordazes críticas à realidade. A música tem versos absolutamente sublimes. “E fico a pensar, que mundo tão parvo, que para ser escravo, é preciso estudar”, entre outros contrariam a convicção generalizada de que os jovens portugueses desprezariam a música portuguesa ou que estariam alheios à realidade que os rodeia.

A música dos Deolinda arrisca-se a alertar consciências e a incitar ao inconformismo dos que se vêem numa situação para a qual não contribuíram mas que os afecta e condena desta forma a geração mais qualificada de sempre.

Uma vénia aos que conseguiram numa música traçar a crua realidade dos jovens licenciados.



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 18:46
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Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2011
Coisas da infância

Tu dizes:

É fatigante aturar crianças.

 

Tu tens razão.

Tu acrescentas:

Porque é preciso descermos ao nível deles,

Baixarmo-nos, inclinarmo-nos, curvarmo-nos, tornarmo-nos pequenos.

 

Aí tu não tens razão.

Não é isso que é mais cansativo.

É sim o facto de sermos obrigados a elevar-nos,

Até à altura dos seus sentimentos.

Esticarmo-nos, endireitarmo-nos, erguermo-nos na ponta dos pés.

Para os não ferir.

 

Janusz Korczak

“Quando eu me tornar pequeno”



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 01:31
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Terça-feira, 4 de Janeiro de 2011
Poemas da minha vida (II)

Viver sempre também cansa

 

Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...

 

José Gomes Ferreira


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publicado por Margarida Balseiro Lopes às 21:16
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Segunda-feira, 3 de Janeiro de 2011
Poemas da minha vida (I)

 

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

 

Cântico Negro de José Régio


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publicado por Margarida Balseiro Lopes às 16:30
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Domingo, 26 de Dezembro de 2010
Moleskine

 

Ao Natal seguem-se os últimos dias do ano. E com isto há uma preocupação permanentemente a latejar: a aquisição de uma agenda para o ano seguinte. E, quem já se rendeu aos encantos da famosa Moleskine dificilmente se consegue desafeiçoar do ícone das agendas. Aliás, é muito mais do que isso. Para além do que de mítico rodeia a Moleskine, a sua funcionalidade e a empatia que, mais tarde ou mais cedo, inevitavelmente provoca em quem tem a sorte de a folhear tornam-na terrivelmente apetecível e o risco de esgotar é efectivamente preocupante. Principalmente se no nosso imaginário já estiver o modelo e a cor da Moleskine da nossa eleição para o ano que se avizinha.

Para 2011, já conto com uma nos braços, em que mais do que uma agenda, acabei de arranjar uma companheira de viagem.



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 20:42
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Sábado, 25 de Dezembro de 2010
Natal

Passou mais um Natal.

Apesar do intermitente e inconstante  cepticismo católico, é uma data que me diz bastante, pelo que representa e significa.

Numa vertente mais supérflua, implica uma nova imagem de tudo o que nos rodeia pela incandescência das luzes ou pelo brilho das cores da época.

Por outro lado, mito ou não, é certo que é tempo propício a um turbilhão de sentimentos mais nobres em cada um de nós na relação com os outros, que de alguma forma quebra a monotonia de todo o ano.

Mas o que mais gosto no Natal e aprendi a valorizar ao longo dos últimos 4 anos que estou em Lisboa é o regresso a casa. Não apenas por um dia ou dois. É regressar para junto dos "nossos", reencontrando aquelas caras que nos acompanharam durante muitos anos e que um fim-de-semana não permite mais do que um cumprimento esporádico e pontual.

Amanhã rumarei a Norte para a última etapa do "meu" Natal. Aquela em que revejo aqueles cuja frequência dos nossos encontros não reflecte minimamente a amizade e a cumplicidade que existe. É a avó, os primos, os tios, os filhos dos primos, etc. E no domingo lá regressamos à triste realidade de quem prepara a penúltima temporada de exames. Para o ano há mais.


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publicado por Margarida Balseiro Lopes às 01:56
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A fenomenal Mariza a marcar o recomeço da escrita neste blogue

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publicado por Margarida Balseiro Lopes às 01:48
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Domingo, 25 de Abril de 2010
A minha intervenção - 25 de Abril

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal e Exmos. elementos da Mesa,

Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal e Exmos. Srs. Vereadores,

Exmos. Srs. Deputados,

Digníssimo Público,

 

É com orgulho que uso pela 1ª vez da palavra nesta Assembleia. Mais privilegiada me sinto por, em nome do PSD, me poder dirigir a vós na cerimónia comemorativa do Dia 25 de Abril, o dia das várias Liberdades.

Nasci bem depois de 1974, já no culminar da década de 80. Por isso, o retrato que vos traço é o de quem apenas viveu e conheceu a Democracia. Democracia essa almejada e conquistada depois de tantos anos de silêncios forçados de uma Democracia aniquilada pelos grilhões da Ditadura.

O Dia 25 de Abril representa a concretização das várias Liberdades, preconiza uma nova oportunidade para um país até, então, alheado e imune aos ventos do desenvolvimento que já se faziam sentir nos países vizinhos. O ano de 1974 marca a refundação da República – que celebra este ano o seu centésimo aniversário – mas marca sobretudo o advento da Democracia, conceitos que talvez por isso me pareçam inevitável e incontornavelmente inseparáveis.

Reinventámos a liberdade de expressão, falha máxima do regime deposto no dia 25 de Abril, em que à diferença de opiniões se contrapunham as amarras policiais e o imperioso silenciamento da discordância. Mas, a par desta conquista muitas outras se seguiram: consagrou-se a liberdade de iniciativa económica que é de alguma forma a materialização do direito ao desenvolvimento da personalidade dos indivíduos. Ademais e de elementar importância, democratizámos o ensino, com a inerente mobilidade social que a mesma possibilita, desta forma consagrámos a liberdade de ascensão e progressão social. Abril trouxe consigo o ressurgimento da liberdade artística, criativa e recreativa, até aí coarctadas pela intolerância do poder instalado. De ímpar relevância, consagrámos a liberdade de reunião e de associação que é, de resto, uma pedra basilar de um País Democrático.

Durante estes anos, a Marinha Grande teve um papel central na contestação ao regime asfixiante de então. Esta é, aliás, uma postura bem característica das gentes da Marinha, onde orgulhosamente me insiro. Independentemente da cor política, independentemente das tendências ideológicas ou independentemente das convicções partidárias, é intrínseco aos marinhenses o sentido de justiça que, ao longo da nossa história, nos fez sempre pugnar pelos nossos direitos, liberdades e garantias.

Mas, numa intervenção em que se pretende assinalar a efeméride do Dia 25 de Abril, é impensável deixar de reflectir sobre o estado actual da Democracia.

Hoje em dia, saímos à rua e não mais existe o medo de outrora, face à intransigência do regime. Todavia, algo não andará bem quando, em cada rosto vislumbramos a consternação e o receio pelo amanhã, assombrado pela incerteza de uma profunda crise que compromete toda a sociedade. Primeiramente, a crise económica que consigo trouxe a crise social. Seguiram-se a crise de valores, a crise de referências e a crise de convicções que de, há vários anos a esta parte, se apoderaram da maioria de nós. Deixámos de acreditar. Olhamos agora com cepticismo para o que se avizinha.

A Democracia está doente quando a sociedade se demite da sua função, desconhece o seu papel, quando assistimos a uma absoluta descredibilização do sistema político-partidário e dos agentes políticos. Para muitos, aqueles que elegemos deixaram de ser aqueles que nos representam. Naturalmente que podemos escamotear e ignorar esta realidade, negando-a, rejeitando-a ou simplesmente minimizando os seus efeitos.

Mas, dessa forma não inverteremos a rumo de descrença que temos vindo a trilhar. Assim acentuaremos o bafio que emana do actual Estado das Coisas.

É imperioso mudar de Postura, refrescar mentalidades, reciclar políticas, criar oportunidades para as gerações futuras. Libertar o futuro das novas gerações, fortalecer a sociedade civil. A um Estado centralista e mau prestador, deve substituir-se, à luz do princípio da subsidiariedade e na medida da necessidade e da boa execução, um poder local forte e capaz de dar uma resposta aos problemas do dia a dia.

Os elevados níveis de abstenção que, ano após ano, se verificam representam o desinteresse, mas ainda mais preocupante, a descrença no sistema representativo e nas soluções apresentadas. Destaca-se o particular desinteresse e alheamento, das novas gerações, entre as quais, a minha, da participação cívica e política, e um profundo desconhecimento dos nossos direitos e deveres.

Para fazer face a esta realidade é fundamental mobilizar toda a sociedade civil.

A Partidocracia até agora instalada esgotou-se. Se por um lado a participação política não se circunscreve e não se esgota nos partidos políticos, nos últimos anos, estes mesmos partidos não se souberam adaptar aos novos tempos, e não souberam erradicar os vícios que corroem a nossa Democracia. A sociedade civil anseia por mais transparência dos agentes políticos. É fundamental abandonar promessas que não se podem cumprir, senão continuaremos a ver nos discursos redondos e irreais aquilo que, nas palavras de Irene Lisboa, mais não seria do que “uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma”. Quem se dedica a servir os outros, quem elege a Causa Pública como prioridade tem que ser exemplo de credibilidade, de honestidade e de dedicação. Porque só assim restauraremos a confiança do Povo.

36 anos depois do 25 de Abril, os partidos políticos não podem continuar a ter o mesmo tipo de discurso, não podem continuar a apresentar as mesmas soluções para problemas que, pela evolução e pelo decorrer de 3 décadas, não podem, mas sobretudo, não são os mesmos.

Quando atravessamos uma profunda crise económica e social que compromete o futuro de todos nós é inaceitável afirmar que se concretizaram plenamente os ideais de Abril.

Passadas 3 décadas ainda há muito a fazer, há novas conquistas a fazer: em primeiro lugar, por respeito a todos os que lutaram para que vivêssemos hoje num regime democrático. Mas também pelos que, nascidos depois de Abril, acreditam, desejam e anseiam por um país melhor.

Atendendo aos desafios que temos pela frente, saibamos pôr de parte as nossas diferenças ideológicas e as nossas discordâncias partidárias, quando em causa está o Bem Maior de Todos, a nossa Democracia. E, que a Democracia seja a nossa Pedra Filosofal.

Muito Obrigada

 

Margarida Balseiro Lopes

25 de Abril 2010

Salão Nobre da Câmara Municipal da Marinha Grande



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 13:12
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Sexta-feira, 2 de Abril de 2010
Fenomenal


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Terça-feira, 16 de Fevereiro de 2010
Magistral

 

 


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Vale a pena!


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Domingo, 31 de Janeiro de 2010
Maravilhas

 

 

Para os estrangeirados em Lisboa é um desafio descobrir esta cidade, mesmo três anos depois de a ter escolhido como a minha 2ª Casa. Hoje perdi-me por Campo de Ourique para saborear o melhor bolo de chocolate do Mundo. E eu diria que o bolo faz jus ao nome.

 



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Razoável


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Terça-feira, 12 de Janeiro de 2010
As minhas músicas (11)


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Brilhante

Bright Star


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Domingo, 10 de Janeiro de 2010
Amoroso, apenas

 


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Terça-feira, 5 de Janeiro de 2010
Este não é o verdadeiro Sherlock Holmes...


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Graficamente muito bom


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Sexta-feira, 1 de Janeiro de 2010
10 anos de Poesia no Fado

 

Dez anos de carreira assinalados com um novo Cd. Os Fados do Fado são uma escolha sublime dos melhores fados portugueses. Uma interpretação magnífica!

 

Um dos fados é o Reza-te a sina.

 

Reza-te a sina

Nas linhas traçadas na palma da mão
Que duas vidas
Se encontram cruzadas
No teu coração
Sinal de amargura
De dor e tortura
De esperança perdida
Indício marcado
De amor destroçado
Na linha da vida

E mais te reza
Na linha do amor
Que terás de sofrer
O desencanto ou leve dispor
De uma outra mulher
Já que a má sorte assim quis
A tua sina te diz
Que até morrer terás de ser
Sempre infeliz

Não podes fugir
Ao negro fado brutal
Ao teu destino fatal
Que uma má estrela domina
Tu podes mentir
às leis do teu coração
Mas ai quer queiras quer não
Tens de cumprir a tua sina

Cruzando a estrada
da linha da vida
Traçada na mão
Tens uma cruz a afeição mal contida
Que foi uma ilusão
Amor que em segredo
Nasceu quase a medo
Para teu sofrimento
E foi essa imagem a grata miragem
Do teu pensamento

E mais ainda te reza o destino
Que tens de amargar
Que a tua estrela de brilho divino
Deixou de brilhar
Estrela que Deus te marcou
Mas que bem pouco brilhou
E cuja luz aos pés da cruz
Já se apagou


publicado por Margarida Balseiro Lopes às 21:54
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Domingo, 27 de Dezembro de 2009
Entretanto...

Um feliz natal para as pessoas que nos seguem lá em casa.



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 04:08
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As minhas músicas


publicado por Margarida Balseiro Lopes às 04:08
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Terça-feira, 8 de Dezembro de 2009
Melhor do que o primeiro

 


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publicado por Margarida Balseiro Lopes às 20:04
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Terça-feira, 24 de Novembro de 2009
Passei!

 

Inexplicável, mas aconteceu. O exame de código já lá vai e fica provado que não há fenómenos apenas no Entroncamento!



publicado por Margarida Balseiro Lopes às 23:41
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